quinta-feira, 29 de março de 2012

Zara Girl


Não sei se já tinha referido alguma vez, em algum post, que trabalhei uns mesitos numa Zara. Foi o meu 1º emprego, á séria! Já tinha trabalhado mas só a fazer férias. Este foi o 1º, onde se possivel iria ficar algum tempo e seguir carreira. Nunca fui de estar constantemente a mudar, gosto de me sentir segura e quando me dão emprego empenho-me e não tenho intenções de me vir embora tão cedo. Mas tive de vir. Era longe, o ordenado era baixo, não me estava a compensar trabalhar lá. O meu dia-a-dia era Zara. Eu saía de casa ás 9h da manhã e chegava ás 23h. Isto porque tinha de apanhar uma série de transportes até lá.  E depois ainda tive o acidente de carro que me atrapalhou mais as contas e as viagens. Era a loucura mesmo, não passava pela ideia de ninguém trabalhar tão longe por tão pouco. Estava a trabalhar para aquecer. Um dia, a minha mana arranjou-me um tacho e lembro-me de me dizerem a uma 5ª feira que na 2ª feira seguinte começava nesse sitio. Nunca me tinham falado que andavam há procura de emprego para mim sequer. Foi um balde de água fria. Eu não queria vir embora. Chorei, chorei e chorei e tentei dizer que não á minha mãe, mas ainda morava na casa dela e tinha de obdecer ás suas vontades e assim foi, vim-me embora. Ainda hoje choro ao lembrar-me do que senti, foi um dia passado practicamente fechada nos armazéns a chorar. Ainda hoje sonho que estou novamente a trabalhar lá. Tenho saudades, tenho saudades do ambiente, saudades daquela rotina, da organização, do movimento, das horas a voarem e chegar ao fim do dia e respirar fundo, de fechar a grade com a sensação de missão cumprida, do orgulho em trabalhar para uma marca conhecidissima, mas acima de tudo tenho saudades de viver no mundo da moda. Eu era uma jovem com gosto para me vestir, sabia as tendências, o que ficava bem com o quê, sabia me vestir e tinha a minha auto-estima no auge. Todos dias passeava no shopping até chegar a hora do expediente, via montras e aprendia a fazer conjuntos, aproveitava a viagem no comboio e maquilhava-me ou fazia-o já na loja, andar maquilhada era obrigatório, fazia parte da farda.
Sempre me achei feminina e vaidosa. Hoje, tenho um emprego estável, não ganho mal e estou ao lado de casa mas não sou feliz. Como posso ser feliz contrariando os meus gostos? Como posso vender algo que não compraria para mim? O meu roupeiro não faz sentido, não gosto do que vejo ao espelho, raramente me maquilho e quando o faço já não fica igual, tinha muito mais jeito e gosto. O cabelo anda como lhe apetece, ás vezes até faço um rabo-de-cavalo para não me chatear muito (coisa impensável na zara) e a probabilidade de verem de sapatilhas é de 90%. Acordo pego nas primeiras peças de roupa que me aparecem á frente, lavo a cara e dentes e vou ali e já volto. E estou a sentir que a vida está-me a passar ao lado.

Tenho de mudar de emprego com urgência. Mas não está fácil e ás vezes tremo só de pensar que posso ter de ali ficar muito mais tempo (sendo o muito relativo, pois como me sinto um dia é muito, uma semana uma eternidade, um mês uma catástrofe e um ano a minha sentença). Mas sinto que já não tenho mais nada para dar naquela loja. Eu não sou assim, eu sou trabalhadora e dedicada mas neste momento não estou minimamente motivada, sei que não estou a corresponder ás espectativas mas já não tenho forças e não sei onde ir buscar motivação.

Socorrooooooooo

1 comentário:

  1. Já me senti como tu.
    Aconteceu-me (de ser mt feliz) num sítio improvável (dado o curso que tenho) o Carrefour. Fui para lá porque terminei o curso, estava desempregada (coisa que a mim só de escrever a palavra me dá calafrios) e queria e tinha de ganhar uns trocos para pagar o meu pópó. Nunca tive em empresa como aquela. Ordenado razoável, horários porreiros (sim era turnos mas não me importava nada!) enfermaria, cantina e sala de estar para funcionários e acima de tudo queriam horários cumpridos tanto de entrada como saída! Elogiavam quando se era bom tanto como chamavam a atenção quando o contrário acontecia. Toda a gente trabalhava por igual…

    Aconselho-te a ler o livro: “Quem mexeu no meu queijo?” do Spencer Johnson.

    Boa sorte ;)

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